domingo, 18 de maio de 2014

capitulo 1



“O fato de o mar estar
calmo na superfície não significa que algo não esteja acontecendo nas
profundezas.”
— 
O Mundo de Sofia.  


João Pedro Narrando

Já estava quase no fim do expediente, trabalho em uma empresa de empreendimentos imobiliários. Estava terminando de concluir uns papéis para poder entregar ao meu patrão quando o Juca invade a minha sala, ele era de outro setor.
Juca: Ai irmão, partiu baladinha hoje pra mexer o esqueleto? –Ele disse dançando em frente a minha mesa.
João: Que Mané mexer o esqueleto. Nem minha vó diz isso mais.
Juca: Sua vó. –Ele sentou na minha mesa-. E ai vai?
João: Não.
Juca: Nathalie vai, vamos também mano? Vai deixar sua irmã sozinha comigo mesmo é?
João: Você nem é maluco de encostar um dedo na minha irmã. –Dei um tapa no braço dele.
Juca: Ah qual é João, libera aê.
João: Pra você? –Olhei pra ele rindo irônico-. Jamais.
Juca: Mas então...
João: Ah cara estou cansadão.
Juca: Você sempre está cansado é incrível.
João: Porque eu realmente estou.
Juca: AFF. É muito chato ir pra balada sem um companheiro de fé.
João: Chama uma mina.
Juca: Não gosto de levar marmita não cara.
João: Quando se vai pra balada tem que levar sua marmita pronta, porque lá nunca se sabe o que vai encontrar.
Juca: Isso não acontece com o Juca delícia.
João: Já aconteceu. –Ri da cara dele.
Juca: Tempos passados meu caro, tempos passados. Ai cara se anima ai que eu vou está passando na sua casa às 22 horas pra buscar a delícia da Nathalie. –Ele piscou e saiu da sala.
João: Aff. –Revirei os olhos.
Clarice: Sei como você ainda aguenta o Juca. –Ela falou com aquele sotaque gostoso do Nordeste. Eu morria de rir com ela durante o dia. Ela é uma menina simples, de boa família, serve até pra namorar, bonita, mas nunca nem deu em cima acho que ela tem namorado.
João: Também não sei.
Clarice: Eu termino por aqui. –Ela pegou a bolsa dela e parou na porta-. Tenha uma boa noite.
João: Para você também. –Sorri. Ela saiu da sala. Terminei com os papéis. Peguei minha mochila. Sai da minha sala, levei os papéis para o meu patrão, ele me dispensou, sai da empresa, entrei em meu carro e fui para a minha casa.
Cheguei e vi a minha mãe sentada no sofá vendo TV. Ela trabalha na mesma empresa que eu, foi ela que arrumou serviço para mim e para o Juca. Só que o expediente dela acaba mais cedo que o meu. Eu largo às 19 horas e ela às 18 horas.
João: E ai mãe.
Sônia: Oi João.
Fui para o meu quarto, fiquei enrolando um pouco na cama e fui para o banheiro.
Tati Narrando

Já passava das 16 horas quando chegamos ao Aeroporto de Congonhas, São Paulo. Eu, meu pai e minha mãe fomos fazer logo o check-in do passaporte.
Faltava somente 15 minutos para a hora marcada do vôo em direção à cidade de Floripa. Sentei em uma daquelas cadeiras e fiquei olhando para o povo chegando e indo.
De longe avistei meus amigos vindos correndo até a nossa direção. Dei uma risada e logo a minha melhor amiga, Luane me alcançou. Levantei e nos abraçamos forte.
Luane: Ain amiga, não vai embora não.
Tati: Quem me dera amiga. Ficaria aqui pra sempre se pudesse.
Luane: Tem alguém aqui doido para se despedir. –Olhei por cima do ombro dela e vi o Bruno, ele havia pedido para namorar comigo. Antes ficávamos. Só que depois que meu pai anunciou que iríamos nos mudar eu acabei desistindo de aceitar o pedido de namoro dele. Namorar a distância não dá né.
Bruno: Cada vez mais linda. –Ele sorriu. Não pude evitar acabei sorrindo junto. Era impossível. O Bruno tinha um feitiço sobre mim incrível.
Tati: Ain Bruno. –O abracei. Ele tinha um perfume incrível. Amava seu cheiro.
Bruno: Vou morrer de saudade.
Tati: Nem fala Bruno, mas me promete uma coisa?
Bruno: O que?
Tati: Que vai me visitar nas férias?
Bruno: Eu vou ver com os meus pais, se eles deixarem eu vou sim.
Tati: Eu te amo muito Bruno. –O abracei forte, ele sorriu.
Bruno: Te amo. –Ele selou nossos lábios.
Tati: Meus pais Bruno. –O repreendi rindo.
Bruno: Se você não fosse embora eles iam ver isso sempre.
Tati: É. –Olhei para o meu pai que não estava com uma cara boa. Mas ele fazia isso de implicância. Ele conhecia o Bruno e gostava muito dele.
Chamaram o meu vôo e eu terminei de me despedi de todo mundo. Peguei minhas coisas e caminhei até o portão de embarque. Já sentiu um peso sobre o coração só de deixar todos àqueles que eu tanto amo para trás.
Entrei no avião, peguei meu fone de ouvido e os coloquei. Liguei na música “93 millions – Jason Mraz” 
Logo o avião decolou, fiquei olhando pela janela do avião. Pensava em toda a minha vida, na Luane, no Bruno, no colégio, na minha família. Olhei para os meus pais e a minha mãe sorriu. Encostei a cabeça na poltrona. Minha cabeça girava. Nunca fui de me enturmar facilmente. Sou um tanto tímida. Estudei toda a minha vida escolar no mesmo colégio e agora mudar seria difícil. Ainda mais com o ano letivo iniciado. Estávamos no mês de Agosto.
Em meio a tantos pensamentos o vôo logo passou e pousamos em solo gaúcho. Saímos do avião e passamos pelo portão de desembarque. Ajeitamos-nos com tudo no aeroporto e saímos. Pegamos um táxi, onde meu pai deu o endereço de nossa nova casa para ele.
O taxista parou em frente há uma casa que era bonita, pouco parecida com a nossa, só mudando a cor e que é um pouco maior. Saímos do táxi, meu pai pagou e o taxista nos ajudou a colocar nossas coisas dentro da casa. Fomos arrumando tudo dentro da casa.

João Narrando

Não deu outra 22 horas meu celular começou a tocar e a Nathalie entrou com tudo em meu quarto. Fiz para ela fazer silêncio e atendi sem ao menos ver quem era.
Início da Ligação Juca: Fala meu negão.
João: Já me arrependi de ter atendido.
Juca: Ah que isso meu tesão fica de boas ai que eu já chego.
João: Fala logo o que você quer Juca.
Juca: Que mau humor é esse João? Dia de baladinha, de pegar mulher, sair da seca se é que me entende.
João: Não te entendo não.
Juca: Vou explicar: Faz tempo que você não transa.
João: E você sabe da minha vida íntima.
Juca: Saber não sei não, mas tu não sai pra se divertir só fica em casa ai eu tenho minha duvidas né.
João: Aff. 
Juca: Vamos cara! Vai ser divertido. Vai me deixar com a Nathalie mesmo? Sabe como eu sou depois que bebo.
João: Juca...
Juca: Meu velho, sacudir, mexer o esqueleto.
João: Ah então vamos nessa porra.
Juca: É isso ai meu mano. Vamos fuder muito essa noite.
João: Faz a presença do silêncio, por favor. Você quieto é um poeta.
Juca: Eu sei né. Partiu.
João: Partiu.
Fim da Ligação

Joguei o celular em cima da minha cama e a Nathalie me olhou.
Nathalie: Já que o Juca já fez todo o trabalho nem vou gastar saliva.
João: Mas eu vou...
Nathalie: Faz a presença do silêncio, você quieto é um poeta. E o Juca? Pelo amor né. –Ela saiu do meu quarto fechando a porta atrás de si.
Acabei rindo e fui tomar um banho no banheiro do meu quarto mesmo. Entrei no banheiro, tirei minha roupa, tomei um banho de 15 minutos. Sai do banheiro com a toalha enrolada na cintura. Liguei uma música qualquer no meu celular e deixei tocar. Escolhi uma roupa e vesti, calcei meu tênis, passei um pouco de gel no cabelo só pra dar um jeitinho, passei bastante perfume, desodorante e estava ótimo.
Sai do quarto e bati na porta da Nathalie.
Nathalie: Já estou quase pronta. –Desci às escadas e sentei no sofá ao lado da minha mãe.
Sônia: Vai sair filho?
João: Aham.
Sônia: Para onde?
João: Você em uma boate com o Juca e a Nathalie.
Sônia: Ta certo, estava precisando sair mesmo.
João: Até você mãe?
Sônia: Seu pai pensou que você estivesse com depressão.
João: Cruzes.
Sônia: Você adorava sair agora nem sai mais.
João: Desanimei.
Sônia: O Juca vai?
João: Vai passar aqui daqui a pouco.
Sônia: Ta bom. –Minha mãe saiu da sala e subiu as escadas. Logo em seguida, a campainha tocou. Fui atender e era o Juca.
Juca: Que isso ein amor, caprichou.
João: Vai se tratar Juca.
Juca: Me ama que eu sei.
João: Aff.
Juca: Minha deusa já está pronta?
João: Sua deusa? –O encarei.
Juca: Sua adorável irmã. –Dei as costas pra ele e fui andando até a cozinha-. Gostosinha.
João: Vai tomar no cu Juca. –Disse entrando na cozinha
Juca: Ei cara libera aê.
João: Mesmo se eu libera-se ela não ia ficar contigo.
Juca: Não sei por quê.
João: Ela não quer ficar contigo.
Juca: É porque eu ainda não joguei meu charme irresistível. –Ri sarcasticamente, peguei um suco na geladeira e tomei.
João: Vamos ver então.
Juca: Deixa comigo então irmão. –Bebi o suco, ofereci, mas ele não aceitou.
Nathalie: JOÃO! –Ela chamou da sala.
João: To indo. –Saímos da cozinha. Minha irmã realmente era muito linda. Os meus amigos sempre quiseram ficar com ela. Mas eu nunca deixei.
Nathalie: Ta bom? –Ela disse dando uma voltinha e nos olhando sorridente.
Juca: Opa! Se colocar mais estraga. –O viele mordendo os lábios. Dei uma cotovelada nele.
João: Está legal. Agora vamos. –Peguei as chaves de casa e a chave do carro. Saímos de casa, tirei meu carro da garagem, eles entraram e o Juca foi me indicando o caminho da boate. Quando chegamos à rua havia muito movimento, já dava pra ouvir o som vindo da boate. Deixamos o carro no estacionamento e fomos andando pra entrada. Tinha umas meninas passando meu deus que delícias.
Juca: Mesmo esquema Nathalie?
Nathalie: Claro. A minha cara de quem espera na fila. –Fui seguindo eles né. Chegamos à entrada da área vip. A Nathalie falou com o segurança e ele deu pulseirinha pra nós três. Entramos e subimos pra área vip.
João: Suas amigas não vem não, Nathalie?
Nathalie: Daqui a pouco elas aparecem. –Fomos andando, estava tocando uma música eletrônica.
Juca: Ai parceiro vamos andar.
Nathalie: Aff, vai levar meu irmão para o meu caminho.
Juca: O que você não sabe é que ele é o próprio mal caminho. –Fiz uma cara de parecer ofendido.
João: Ei.
Nathalie: Se cuida ein irmãozinho.
João: E você que tem que se cuidar. Quando você começou a sair eu já estava cansado de sair. –Dei as costas e fui até o bar com o Juca. Pedimos um combo de Big Apple e Whisky com energético.
Nathalie: Opa! –Começamos a beber.
Juca: João vem comigo.
Nathalie: Aonde vocês vão? Vão me deixar aqui sozinha?
João: Espera suas amigas aqui.
Nathalie: Aff. –O Juca saiu me puxando.
João: Aonde vamos?
Juca: Thalia.
João: Thalia que estudou com a gente?
Juca: A própria. –Nos aproximamos de um grupo de garotas e junto com elas estava a Thalia-. Thalia!
Thalia: Gatinho! –Ela praticamente pulou no colo do Juca.
Juca: Oi delícia, tudo bem?
Thalia: Tudo sim e você?
Juca: Estou ótimo. Lembra-se do João? –Ele apontou para mim e ela me olhou.
Thalia: João? Meu Deus, João! Quanto tempo. –Ela me abraçou toda alegre. Dei um sorriso todo sem graça pelo escândalo dela-. Você sumiu. Ta diferente.
Juca: Eu sei ele ta velho. Cheio de cabelo branco.
João: Muito engraçado você. –Ri irônico-. Quanto tempo mesmo ein. Ta linda.
Thalia: Obrigado. –Ela sorriu.
Juca: A gente se esbarra por ai então.
Thalia: Que nada que isso. Fica aqui.
Juca: Deixamos a irmã dele lá sozinha.
Thalia: Aff a chata da Nathalie? Ela já cresceu?
João: Ela não é tão mais nova que a gente né.
Thalia: Mas ela pentelhava a gente sempre que íamos fazer alguma coisa.
João: É mesmo.
Xxx: Prima, aqui a bebida que pediu. –Olhei para a garota que se aproximou. E não acreditei quando vi que era a Clarice. Ela estava linda.
Thalia: Obrigado prima. –A Clarice me olhou e deu um sorriso.
Juca: Clarice gatinha! –Ele a abraçou de lado.
Clarice: Oi Juca.
Thalia: Se conhecem da onde?
Juca: Ela trabalha no mesmo setor que o João.
João: Oi. –Dei um “oi” com a mão pra ela. Ela sorriu e me deu um “oi” tímido.
Thalia: Que interessante. –Ela fez cara de entediada-. Vamos dançar Juca. –Ela saiu puxando o Juca que foi com ela. Aproximei-me da Clarice.
João: Não sabia que curtia vir em boates.
Clarice: Não curto.
João: Por que veio então?
Clarice: Forçada ta bom para você?
João: Somos dois então.
Clarice: Não curte sair também?
João: Ando desanimado.
Clarice: O trabalho é puxado.
João: Nem fala. Quer dançar?
Clarice: Não danço muito bem não.
João: Ah vamos. –Fiquei olhando para ela até ela ceder.
Clarice: Ah ta bom. –Sorri, descemos as escadas que dava até a parte de baixo. Segurei em sua mão para não nos perdermos um do outro e fomos até a pista de dança. Encontramos a Thalia e o Juca dançando.
Juca: Ui casal.
Clarice: Érr... Nada a ver.
João: Cala a boca Juca. –Puxei a Clarice para um pouco mais longe deles e ficamos dançando ao som das músicas que tocavam. A maioria era pop e eletro. O jeito de ela dançar me deixava louco e ela naquela roupa não parecia a mesma Clarice que trabalhava comigo. A puxei pela cintura colando nossos corpos.
Clarice: João... –Sorri sínico pra ela.
Ela entrelaçou os braços em volta do meu pescoço.
Clarice: Não é certo.
João: Qualquer coisa a gente põem culpa no álcool. –Ri. Eu mal tinha bebido era só mais uma desculpa pra ficar com ela.
Clarice: Eu nem bebi menino.
João: Só curte menina. –Ri e aproximei meus lábios dos dela e a beijei. No início fui indo delicadamente. A pegava pela cintura a colando mais no meu corpo. Fui acelerando o beijo. Ela arranhava a minha nuca e dava leves puxada no meu cabelo. Nossas línguas se entrelaçavam. O beijo dela era uma delicia e não dava vontade de parar hora nenhuma. Desaceleramos o ritmo até que paramos com alguns selinhos.
Clarice: Vamos voltar lá pra cima?
João: Vamos. –Voltamos para área vip e fomos para onde eu estava. Cheguei lá estava a Nathalie com suas amigas.
Nathalie: Maninho lindo deixa eu te apresentar a uma amiga minha. –Acho que ela não tinha notado que a Clarice estava comigo e segurando a minha mão.
João: Outra hora. –Peguei mais bebida pra mim-. Quer também?
Clarice: Não. –Encostei-me à parede de onde dava para ver o pessoal que estava na pista. A puxei pela cintura e ela ficou com o corpo colado no meu. Ficamos nos encarando. Sorri.
Clarice: Ela é sua irmã né?
João: É sim
Clarice: Sua mãe falava muito dela quando eu ficava com ela no setor dela.
João: Entendi. Mas sabe como meu chefe é tipo muito bom. Ele colocou uma gatinha no mesmo setor que o meu. Só nós dois naquela sala. Naquele silêncio de 8 horas até as 19. –Ri.
Clarice: Fazer o que né?


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